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EM DEFESSA DO PAA

Carta Aberta ao Governo e à Sociedade Brasileira sobre o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)

O Brasil tem realizado, nos últimos anos, avanços significativos na promoção da segurança alimentar e nutricional (SAN) e na realização do direito humano à alimentação, com a superação da situação de pobreza e miséria de milhões de famílias e o fortalecimento da agricultura familiar.

O Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) tem sido fundamental para a concretização destes avanços. O programa, que envolve vários ministérios, visa garantir a oferta de alimentos da agricultura familiar para grupos sociais em situação de insegurança alimentar, fortalecendo a agricultura familiar, povos e comunidades tradicionais, e garantindo o acesso a alimentos de qualidade para as pessoas mais pobres.

Graças ao seu sucesso no Brasil, comprovado por muitos estudos independentes e por muitos documentos de organizações beneficiárias, o PAA é reconhecido internacionalmente, e é referência para diversos programas similares em outros países, da América Latina e da África. Atualmente o programa adquire alimentos de mais de 185 mil agricultores familiares, beneficiando 19.681 entidades recebedoras dos alimentos, com a distribuição de 529 mil toneladas de alimentos por ano. O PAA já beneficiou, ao longo dos seus 10 anos, 2.352 municípios em todos os estados do Brasil. A Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), através da Diretoria de Política Agrícola e Informações, dirigida por Silvio Porto, tem cumprido papel determinante na efetivação do programa.

Recentemente a Polícia Federal deflagrou a operação denominada de “agrofantasma”, que investiga supostas irregularidades e desvios de recursos no programa. Tal operação chamou a atenção pelo aparato policial utilizado e pela repercussão desproporcional do fato nos meios de comunicação. Tal operação resultou na detenção de 10 agricultores e do funcionário da Conab no Paraná, Valmor Bordin, bem como no indiciamento policial do Diretor de Política Agrícola e Informações da Conab, Silvio Porto.

Os movimentos sociais e organizações da sociedade civil aqui representados repudiam os procedimentos utilizados, bem como a forma distorcida e pouco clara que as informações sobre a operação foram divulgadas por grande parte dos meios de comunicação. Vale destacar que mesmo o processo correndo em sigilo, alguns meios de comunicação contavam com informações privilegiadas no dia da realização da operação policial. Os procedimentos da operação policial e sua divulgação contribuem para criminalizar as organizações da agricultura familiar e deslocam a atenção da sociedade da necessária apuração de irregularidades na execução do programa para um tratamento meramente policial de um programa fundamental para a realização do direito humano à alimentação. É importante salientar que estes mesmos canais de comunicação divulgam muito pouco ou quase nada os resultados positivos do programa em todas as regiões do Brasil.

O PAA é implementado há 10 anos, ao longo dos quais foram criados e aprimorados mecanismos de gestão e controle social do programa. Sua execução é acompanhada por centenas de conselhos municipais e estaduais de segurança alimentar e nutricional, assistência social e desenvolvimento rural. A busca pela transparência e pela responsabilidade no trato do recurso público tem sido permanente nos espaços de gestão e acompanhamento do programa, seja no seu Grupo Gestor, Comitê Consultivo, ou no Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea). Este aprimoramento tem se orientado pela transparência e pela busca da adequação de seus procedimentos à realidade da agricultura familiar e povos e comunidades tradicionais, segmentos da população que, embora responsáveis pela maior parte dos alimentos consumidos pela população brasileira, foram historicamente excluídos das políticas agrícolas.

Defendemos a apuração de toda e qualquer irregularidade, da mesma forma que defendemos o amplo direito à defesa das pessoas que se encontram detidas e indiciadas. Manifestamos nosso repúdio à forma como a ação policial foi realizada, efetivando detenções de

agricultores e funcionários da Conab que vinham colaborando com as investigações.

Os movimentos sociais e as organizações aqui representadas reafirmam a relevância do Programa de Aquisição de Alimentos e exigem sua continuidade e ampliação, nos marcos que vem sendo discutidos em suas instâncias de gestão e controle social. Reafirmamos a importância da Conab como órgão executor do PAA e o nosso reconhecimento e plena confiança no seu Diretor de Política Agrícola e Informações, Silvio Porto, gestor público reconhecido pela sua ética e retidão no exercício da função pública e dotado de uma história de vida pública na área do abastecimento e segurança alimentar e nutricional que lhe confere idoneidade e capacidade técnica e gerencial para a implementação e gestão do PAA. Repudiamos as tentativas de “linchamento” político dos gestores públicos da Conab e de lideranças de organizações beneficiárias.

Assinam:

AARJ – Articulação de Agroecologia do Rio de Janeiro

ABRA – Associação Brasileira de Reforma Agrária

ACTIONAID Brasil

ANA – Articulação Nacional de Agroecologia

ANA – Amazônia

ANC – Associação de Agricultura Natural de Campinas e Região

AOPA – Associação para o Desenvolvimento da Agroecologia

APTA – Associação de Programas em Tecnologias Alternativas

ASA – Articulação Semiárido Brasileiro

AS-PTA – Agricultura Familiar e Agroecologia

ASSOCIAÇÃO AGROECOLÓGICA TIJUPÁ

CÁRITAS Brasileira

CAA – Centro de Agricultura Alternativa do Norte de MG

CENTRO ECOLÓGICO

CONAQ – Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq)

CONTAG – Confederação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadores na Agricultura

CNS – Conselho Nacional das Populações Extrativistas

CPT – Comissão Pastoral da Terra

ECONATIVA – Cooperativa Regional de Produtores Ecologistas do Litoral Norte

do RS e Sul de SC

FASE – Federação de Órgãos para a Assistência Social e Educacional

FBSSAN – Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional

FEAB – Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil

FESANS-RS – Fórum Estadual de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável do Rio Grande do Sul

FETRAF – Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar

Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional do Paraná

FOSAN-ES – Fórum de Segurança Alimentar e Nutricional do Espírito Santo

GESAN – Grupo de Estudos em Segurança Alimentar e Nutricional

IBASE – Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas

MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens

MCP – Movimento Camponês Popular

MMC – Movimento de Mulheres Camponesas

MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores

MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

PESACRE – Grupo de Pesquisa e Extensão em Sistemas Agroflorestais do Acre

Rede de Mulheres Negras pela Segurança Alimentar e Nutricional

REDE ECOVIDA DE AGROECOLOGIA

SASOP – Serviço de Assessoria às Organizações Populares Rurais

UNICAFES – União Nacional de Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária

VIA CAMPESINA

VI SEMINÁRIO ESTADUAL DE ESTUDOS TERRITORIAIS/I JORNADA DE PESQUISADORES SOBRE A QUESTÃO AGRÁRIA NO PARANÁ (Curitiba, 28 e 29 de maio de 2013)

(… divulgação de evento sobre questão agrária no Paraná…)

Contexto

Prezados colegas,

Nos dias 18 e 19 de abril passados, foi realizado pelo GETERR, na UNIOESTE de Francisco Beltrão, o V SEET “Territorialidades e diversidade da questão agrária no Paraná” com o foco de reunir pesquisadores na pluralidade de temas que conformam a questão agrária no Paraná.

Naquele momento debatemos sobre as relações cidade-campo, sobre a agricultura familiar/camponesa e movimentos sociais de resistência, sobre agroecologia e desenvolvimento local e sobre a questão ambiental no campo paranaense. Foram dois dias de debates e de conversas que fechamos com o consenso de que devíamos dar prosseguimento a esse diálogo tão necessário para aprofundar os estudos e as análises sobre a multidimensionalidade da questão agrário neste estado.

Na conversa final do evento também foi encaminhado que a UFPR sediaria o nosso próximo encontro a finais de maio de 2013. Desde o Coletivo de Estudos sobre Conflitos pelo Território e pela Terra-ENCONTTRA estamos convidando a tod@s @s pesquisador@s e interessad@s no tema da questão agrária no Paraná para: 1) dar seguimento a essa conversa iniciada em Francisco Beltrão, mas também, uma conversa que se dá em muitos espaços de debate onde nos encontramos e constatamos a falta de uma análise abrangente e plural da questão agrária no Paraná; 2) fortalecer uma rede de estudos agrários no Paraná, que informalmente já bem se encontrando e conversando, mas que poderia caminhar para elaborar e realizar um projeto de pesquisa conjunto sobre o tema; 3) contribuir com a formação de educadores, pesquisadores e militantes de organizações sociais a partir de uma leitura da questão agrária no estado.

 

Articulação

No evento do passado abril, foram propostos quatro grandes eixos de discussão para estruturar nossos debates em 2013. Também, as pessoas que estávamos presentes naquele momento fomos nos distribuindo segundo nossas afinidades. A ideia é que agora, através de uma convocatória maior, possamos contar com mais pessoas ajudando a compor os quatro Grupos de Trabalho sugeridos, portanto, estão todos convidados a se somar a essa construção, convidar outros colegas e propor temas, já que ao redor dos GT’s que deve ser construído o próximo evento:

a) GT 1: Sujeitos, organizações sociais e questão agrária:

Temas: povos tradicionais, STR, movimentos sociais, agricultura familiar e campesinato…

Docentes: Adelia Haracenko, Elpidio Serra, João E. Fabrini, Jorge Montenegro, Roseli A. dos Santos, Ruth Y. Tsukamoto, mais acadêmicos: orientandos…

b) GT 2: Formas de produção, apropriação de renda e disputas territoriais

Temas: cooperativismo agrícola, agroecologia, economia solidária e agroindústria…

Docentes: Adelia Haracenko, Edmilson C. Paglia, Elpidio Serra, Luciano Candiotto, Marcos A. Saquet, Sergio Fajardo, Roselaine da Silva, Roseli A. dos Santos, mais acadêmicos: orientandos…

c) GT 3: Relações campo-cidade e novas dinâmicas populacionais

Temas: memória, êxodo rural (migrações) e ruralidades-urbanidades…

Docentes: Luiz C. Flávio, Silvia Pereira, mais acadêmicos: orientandos…

d) GT 4: Estado, políticas públicas e ambiente

Temas: desenvolvimento territorial, políticas vinculadas à agricultura familiar e à educação do campo…

Docentes: Jorge Montenegro e Ruth Y. Tsukamoto, mais acadêmicos: orientandos…

 

Formato

O evento VI SEET/IJPQA-PR se entende como âmbito de discussão da questão agrária no Paraná, segundo diferentes enfoques e objetivando a construção de um projeto coletivo de pesquisa, por isso propomos um formato que nos permita caminhar nesse sentido.

Os GT’s são espaços de discussão e de proposição sobre grandes temas que percorrem pesquisas individuais ou coletivas, portanto, não são espaços de apresentação individual de trabalhos e sim de discussão sobre conceitos comuns, paradigmas teóricos, metodologias de pesquisa, etc. e, ao mesmo tempo, são espaços propositivos, no sentido de pensar caminhos para construir um projeto coletivo de pesquisa.

Nesse sentido, a participação nos GT’s será realizada através de resumos expandidos realizados coletivamente por pesquisadores que trabalham o tema. Seja por proximidade geográfica, mesma instituição de ensino, grupos de pesquisa comuns ou de qualquer outra forma, vários pesquisadores se articularão para apresentar em um resumo expandido (3 a 5 páginas) seu posicionamento sobre algun(s) tema(s) que compõem o GT escolhido, a proposta teórico-metodológica utilizada e os casos concretos de pesquisas realizadas.

Cada GT terá três períodos do evento para realizar o debate e em um período será realizado um diálogo entre todos os GT’s com o objetivo de pensar a consolidação da rede de pesquisadores e as possibilidades de fortalecer um projeto de pesquisa comum.

 

 

 

Estrutura do evento

28/05

29/05

Manhã

Grupos de Trabalho

Encontro da Rede

Tarde

Grupos de Trabalho

Grupos de Trabalho

Noite

Mesa redonda para debater a atualidade da questão agrária

 

Datas importantes

– Até 30 de Outubro de 2012: dinamizar os GT’s, confirmando os pesquisadores que têm interesse em participar e os temas que serão tratados no evento.

– Até 15 de Novembro de 2012: divulgação dos GT’s com os pesquisadores e os temas a serem tratados.

– Até 01 de Março de 2013: envio dos resumos expandidos (três a cinco páginas) com os posicionamentos de vários colegas que pesquisam na área (como sugestão, o resumo poderá estar composto de posicionamento breve dos autores, abordagens teórico-metodológicas utilizadas, casos em que a pesquisa está sendo desenvolvida).

– Até 30 de abril de 2013: divulgação dos resumos expandidos que participam de cada GT e síntese das principais questões analisadas nos mesmos.

 

Apoio

Para dinamizar essa articulação em rede, resulta fundamental que de cada instituição de ensino e pesquisa pudéssemos contar com um ou dois articuladores que ajudariam a divulgar as informações, fomentar o diálogo para a construção dos resumos expandidos e ajudar em uma comunicação ágil entre todos os nós da rede. Desde já agradecemos as ajudas!

 

Por enquanto, nada mais (nem menos) do que isso. Gostaríamos de encontrar a tod@s aqui em Curitiba para dialogar sobre a atualidade da questão agrária no Paraná e construir juntos formas de articular um projeto coletivo sobre o tema.

 

Coletivo de Estudos sobre Conflitos pelo Território e pela Terra/ENCONTTRA

Dep. Geografia/UFPR

Editado por Coletivo Enconttra &