Entre os dias 05 e 08 de setembro de 2018 aconteceu a XIX Jornada do Trabalho em Chapecó/SC, intitulada:
“QUE CRISE É ESSA? CONTRARREFORMAS, RESISTÊNCIAS E UTOPIAS”
A Jornada ocorreu na Universidade Federal da Fronteira Sul, Campus de Chapecó e foi coordenada por membros do Colegiado do Curso de Graduação em Geografia-Licenciatura da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) com vínculos à Rede de pesquisadores ligados ao “Centro de Estudos de Geografia do Trabalho (CEGET)”, do Departamento de Geografia da UNESP de Presidente Prudente-SP.
O Evento resulta de uma ação articulada entre professores da UFFS e da Rede CEGET de Pesquisadores como o foco de potencializar o diálogo científico acerca da dimensão espacial da crise estrutural do capital e seus impactos no tecido social contemporâneo (que é multiescalar, multidimensional, material e imaterial ao mesmo tempo), em particular, acerca dos efeitos da atual reforma trabalhista brasileira (políticas públicas, fragmentação do trabalho, degradação da natureza e do trabalho, desemprego e informalidade,), assim como sobre formas de resistência da classe trabalhadora (conflitos territoriais) e de construção de alternativas em defesa da vida no campo e na cidade (auto-organização, saúde coletiva, atuação sindical e dos movimentos sociais, cooperativismo e economia solidária, entre outras).
No primeiro dia do evento foram ministradas três oficinas. A primeira intitulada: Os meandros da reforma trabalhista e seus desdobramentos no movimento socioespacial da classe trabalhadora”, tinha como objetivo discutir as principais mudanças ocorridas em atuais reformas ou propostas de reformas que atingem a classe trabalhadora do atual governo federal brasileiro (Trabalhista, Terceirização e da Previdência) e a dimensão espacial de seus impactos (desemprego, ampliação do subemprego e da uberização do trabalho, entre outros). A segunda oficina “Porque mapear o feminino? Organizado pelo nosso coletivo, tinha como principal objetivo problematizar as questões de gênero em diferentes escalas, trabalhar os efeitos de mapeamentos coletivos (alguns relatos); as escalas geográficas desde a corporeidade; mapeando o feminino desde deliberações coletivas; o que culminou num mapa com as principais violências de gênero que foi apresentado na mesa de abertura do evento através de uma intervenção do grupo que participou da oficina.
Foto: Avani Torres
Foto: Avani Torres
A terceira oficina como o tema “Práticas e saberes em agroecologia-projetos para enfrentar a sociedade capitalista e o agronegócio” teve como principal objetivo troca de experiências de pesquisa, extensão e militância em Agroecologia desenvolvidos em diferentes lugares. Dialogar sobre as práticas e os saberes construídos pelos sujeitos e entidades. Levantar as expectativas e construir propostas e encaminhamentos conjuntos.
Foto: Lucas Silva
A noite foi realizada a conferência de abertura do evento intitulada: “ O Brasil no contexto da crise do capitalismo contemporâneo”, realizada pelo Prof. Dr. Armando Boito Júnior.
No segundo dia do evento foram realizados três trabalhos de campo para locais diferentes onde o grupo de pesquisadores se dividiu para conhecerem diferentes realidades. O primeiro campo foi para a cidade de Itá-SC, “a cidade submersa”, onde o grupo pode visitar as instalações da barragem de Itá e entender visões diversas sobre a instalação da barragem na cidade (conversa com os gestores da usina, dos poderes públicos e dos atingidos por barragens).
Foto: Avani Torres
O segundo campo foi para o assentamento 25 de maio, como o objetivo de mostrar a luta pela terra e a educação no oeste catarinense, com visita a algumas escolas da região, à família de camponeses do MST e a rádio comunitária. O terceiro campo foi para a linha rural de Chapecó, onde o grupo pode conversar com produtores agroecológicos da região e uma visita a SITRACARNE para um cine debate com sindicalistas sobre a suposta crise da carne.
Foto: Ana Terra
No terceiro dia foi realizado uma discussão à cerca dos trabalhos de campo na parte da manhã, na parte da tarde a reunião em cinco grupos de trabalho (GTs): Agro-Hidro-Territórios, Degradação da natureza e do trabalho; Conflitos territoriais e fragmentação do trabalho: a expropriação capitalista no campo e no trabalho; Ideologia, educação e discurso; Multidimensionalidade e desenvolvimento de/no território; Crise estrutural, desemprego e informalidade. Os GTs constituem espaços de reflexão e troca de experiências entre os participantes com o propósito de debate e aprofundamento de questões relevantes ao campo da discussão. A noite foi realizada uma mesa redonda intitulada “Territórios da degradação do trabalho: a relação entre o processo de trabalho nos frigoríficos e os agravos à saúde do trabalhador” com o Prof. Dr. Fernando Heck (IFSP, Ceget, Geografia), Profa. Dra. Márcia Luíza Pit Dal Magro (UNOCHAPECÓ) – SITRACARNES.
Foto: Lucas Silva
Foto: Lucas Silva
No quarto dia foi dado continuidade na parte da manhã das discussões dos GTs, a tarde reunião da Rede CEGET de pesquisadores, e a noite o encerramento com a mesa intitulada: Mobilizações sociais e alternativas para a crise. Com a Prof. Dra. Paula Karina Klachko (UNPAZUNDAV/Buenos Aires) – Antônio Thomaz Júnior (UNESP/Presidente Prudente/Ceget) – Frente Brasil Popular.
Nesses quatro dias de encontro, por meio da realização de Grupos de Trabalho, Simpósio, Mesas Redondas e Trabalhos de Campo, ocorreu a integração de pesquisadores de áreas diversas (Geografia, Sociologia, Antropologia, Direito, Serviço Social, Pedagogia, Saúde, entre outros) em diversos estágios formativos (iniciação científica, especialistas, mestres e doutores) com integrantes de movimentos sociais, associações e sindicatos, no intuito de encontrar eixos de discussão e ações possíveis que nos levem, ao mesmo tempo, a análises mais acuradas da realidade que vivemos e a delinear estratégias conjuntas que permitam construir projetos visando uma sociedade justa.
Foto: Lucas Silva