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Lívia Duarte, jornalista da FASE – Solidariedade e Educação
Diante da 11ª rodada dos leilões do petróleo, a sociedade tem elementos para questionar se há mais valor no que vai vivo sobre a terra ou na matéria orgânica morta há milhares de anos, depositada no subsolo. O tema foi parte do debate realizado nos dias 9 e 10 de maio em encontro sobre a exploração do petróleo no Brasil, que reuniu membros da sociedade civil – ONGs, sindicatos de petroleiros e suas duas federações, além de atingidos pelas atividades da indústria em diversas regiões do Brasil. Os relatos repetem cenários de expropriação da terra e da água e de territórios marítimos, já que os pescadores têm sido impedidos de trabalhar pelo aumento de plataformas e consequente área de exclusão, além dos impactos da poluição, seja por vazamentos ou dragagens. Já os petroleiros questionam a inequalidade de direitos entre trabalhadores da Petrobras, de empresas privadas e terceirizados, além do crescimento exponencial aos riscos de acidentes. A sobreposição – de empresas, cadeias logísticas e impactos – é outra constante.
Apesar das distintas visões sobre a questão – que vão do nacionalismo da campanha O Petróleo Tem que ser Nosso! ao clamor por Nenhum poço a mais! – o debate entre estes setores da sociedade civil aponta para algum nível de compreensão comum. É preciso mudar o modo e a velocidade da indústria petrolífera estrangeira – e brasileira -, considerando o estratégico debate sobre fontes de energia no contexto dos motivos para o aumento da produção, a diversidade de tipos de fontes possíveis e quem são os reais beneficiados pelos investimentos feitos nesta área. Os grupos também concluíram que é preciso criar territórios livres da atividade petroleira, como afirma a carta Contra o 11º leilão e seus impactos socioambientais nos territórios.