Encontro anual reúne indígenas de todo o Brasil durante 5 dias em Brasília
Jéssica Lozovei
Curitiba, 15 de maio de 2018

Foto: Carla Pietrovski
Entre os dias 23 e 27 de abril de 2018, aconteceu em Brasília, no Memorial dos Povos Indígenas o 15° Acampamento Terra Livre (ATL), reunindo cerca de 3.500 pessoas e mais de 100 etnias. Sua primeira edição aconteceu em 2004, quando indígenas das etnias Kaingang e Xokleng acamparam por uma semana em Brasília, para exigir a demarcação de suas terras.
Durante a semana do acampamento aconteceram as plenárias das mulheres e da juventude, exibição de filmes e documentários, peças de teatro, atividades culturais e o lançamento candidatos e candidatas indígenas para esse ano eleitoral.
Duas grandes marchas marcaram o evento. A primeira, no dia 25 em que os indígenas se dirigiram à Advocacia Geral da União (AGU), pedindo a revogação do Parecer 001/2017 deste mesmo órgão. Este parecer ratifica o marco temporal de 1988, que determina que somente serão demarcadas terras em que os indígenas estivessem presentes nelas em 1988, ignorando os conflitos que aconteceram durante a ditadura militar, e que indígenas tiveram que se deslocar do seu território por conta das violências sofridas. Houve uma reunião com a ministra Grace Mendonça, que afirmou não ter autonomia para revogar o parecer.

Foto: Carla Pietrovski
A segunda grande marcha aconteceu no dia 26 rumo ao Palácio do Palácio, sendo finalizada no Ministério Público Federal, acontecendo de forma pacífico, apesar do grande contingente da polícia militar e da cavalaria. A principal pauta exigida foi “demarcação já”, mas também era possível encontrar faixas e cartazes sobre a luta das mulheres indígenas, denúncias sobre terras invadidas por madeireiros, áreas tomadas para a construção de usinas hidrelétricas e até mesmo sobre a morte de Marielle Franco.
Durante o ato da quinta-feira houve uma grande intervenção do Greenpeace, com uma grande faixa vermelha escrita CHEGA DE GENOCÍDIO INDÍGENA e DEMARCAÇÃO JÁ, e que durante a caminhada, começou a ser despejada uma tinta vermelha. Ela simbolizou todo o sangue indígena derramado durante suas lutas, e a natureza que vem sendo destruída pelo capitalismo.

Foto: Mobilização Nacional Indígena
Ao final do dia 26 foi recebida a notícia de que o presidente Michel Temer assinou a homologação da terra indígena Baía dos Guató, no Mato Grosso.
E nesse cenário de muita luta em meio a tantos retrocessos se encerrou a 15ª edição do Acampamento Terra Livre, e se quiser, confira o vídeo final produzido pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil junto com a Mobilização Nacional Indígena: https://www.youtube.com/watch?v=UoDz0U3WHjg