“Nós não sabemos para onde vamos, só sei que vamos ao encontro de um tempo com muitas perguntas e poucas respostas, muitos problemas e sem soluções. E então como alternativa a isso, demo-nos as mãos, ajudemo-nos uns aos outros pra salvar a terra, caso contrário vamos engrossar o cortejo da nossa própria autocondenação”.
Jéssica Lozovei e Carla Pietrovski
Curitiba, 07 de junho de 2018
Ontem teve início a 17ª Jornada de Agroecologia do Paraná, que está acontecendo entre os dias 6 e 9 de junho no centro de Curitiba. A abertura do evento aconteceu no Teatro Guaíra e contou com mais de 1.500 pessoas, tanto de assentamentos e acampamentos de movimentos de luta pela terra, quanto do público em geral. O evento contará com oficinas, seminários, shows e apresentações culturais, o túnel do tempo, que está instalado na Reitoria da UFPR e é aberto ao público, e a feira da Culinária da Terra, que está localizada na praça Santos Andrade, com diversos produtos agroecológicos e artesanais.

Foto: Nathalie Lucion
Durante a abertura estiveram presentes o promotor do Ministério Público do Paraná Olympio de Sá Sotto Maior, Márcio Miranda (diretor do Centro Paranaense de Referência em Agroecologia), Roberto Baggio (coordenador geral da Jornada de Agroecologia), Maria Rita (representando a reitoria da UFPR) e a promotora do Ministério Público do Trabalho Margarete Matos. Esta fez uma fala marcante sobre a importância da existência de mídias contra hegemônicas para retratar a verdade sobre as ações e práticas do MST, sem criminalizar o movimento. Além disso, a necessidade de se confrontar com as grandes empresas detentoras das sementes que consumimos hoje, e sobre a valorização do trabalho das agricultoras e agricultores que produzem alimentos agroecológicos, com suor e mãos calejadas.
O retorno do movimento a capital paranaense também marca os 33 anos após o 1º Congresso Nacional do MST, onde houve a sua consolidação como movimento nacional, e se unindo a este momento estiveram presentes o pesquisador e teólogo Leonardo Boff e a atriz Letícia Sabatella, que cantou em conjunto com a Trupe dos Encantados.

Foto: Nathalie Lucion
Boff falou o quanto a humanidade caminha rumo a autodestruição. Citou a produção em massa de armas químicas, biológicas e nucleares, com diferentes intensidades de impacto sobre nós, além da extinção da fauna e flora que segue num ritmo desenfreado de cerca de 70 a 100 mil espécies por ano. O teólogo afirmou que vivemos em tempos de barbárie, em que não olhamos para os nossos semelhantes, e acima de tudo, os direitos a terra, teto e trabalho deveriam ser garantidos a todas e todos.

Foto: Nathalie Lucion
O pesquisador transmitiu a importância que devemos dar para a terra e tratá-la como mãe terra, sendo parte de nós. E encerrou sua fala com a frase: “Irmãos e irmãs, sigamos cantando! E que os problemas e dificuldades da mãe terra não nos tirem a alegria e esperança”