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Raízes: 3º encontro de raizeiros, parteiras, benzedeiras e pajés na Chapada dos Veadeiros

Encontro reúne cerca de 2 mil pessoas no cerrado para troca de saberes populares

Adriane de Andrade
Curitiba, 02 de junho de 2018

Entre os dias 24 a 27 de maio de 2018 aconteceu a 3ª edição do encontro Raízes III: Grande Encontro de Raizeiros, Parteiras, Benzedeiras e Pajés na Chapada dos Veadeiros. O evento contou com várias atividades e oficinas nas cidades de Alto Paraíso e Vila de São Jorge, na Chapada dos Veadeiros em Goiás, contando com mais de 2.000 pessoas de diversas cidades do Brasil e 80 mestres e mestras da cultura tradicional.

Desde sua primeira edição e evento é gratuito e aberto a todos e todas interessados em saber um pouco mais sobre as diversas formas de curas realizados pelos povos e comunidades tradicionais, maiores detentores dos saberes sobre plantas medicinais.  A iniciativa visa fomentar estudos e políticas públicas na área da saúde, sobretudo no ramo da Fi­toterapia, além de contribuir para a preservação do Bioma Cerrado, por meio de atividades vincula­das à pesquisa em etnobotânica e à educação ambiental. Na sua 3ª edição o evento visou proporcionar a troca de saberes entre os participantes e para isso reuniu várias vozes da sabedoria tradicional como raizeiros, kalungas, parteiras e parteiros, benzedores e benzedeiras, rezadeiras, pajés, além de pessoas da comunidade e turistas de diversas localidades. Estiveram presentes raizeiros da região como Dona Flor do Moinho, Seu Dedé de São Jorge, Tom das Ervas, Dona Luzia, Dona Domingas, além de convidados como Dona Maria Luzia da cidade de Goiás (“Goiás Velho”), Seu João de Sanclerlândia (GO) e Dona Rosalina (Benzedeira da Cidade de Irati).

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Foto: Adriane de Andrade

A programação contou com rodas de conversa, oficinas de remédios com raízes e folhas do cerrado, momentos para bendições, rodas de cura, exposição fotográfica e exibição de documentários. O evento contou também com palestras, como a “Raizeiros, Parteiras, benzedeiras e Pajés no âmbito do SUS”, com a participação de médicos com o objetivo de trabalhar questões relacionadas a saúde e os saberes populares de cura, e também “Políticas públicas e atendimento ao parto por parteiras tradicionais”, dando visibilidade para o atendimento das parteiras perante as políticas públicas.

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Foto: Adriane de Andrade

Além das atividades de formação, também aconteceu durante o evento a feira com os produtos naturais produzidos pelos mestres raizeiros, com sementes, remédios caseiros, garrafadas, mudas, comidas, artesanato entre outras coisas.

Nos dias 25 e 26 de maio foram realizadas as saídas de campo buscando a identificação das plantas medicinais existentes na região, e explicações sobre seus usos com acompanhamento dos raizeiros. As saídas de campo foram realizadas no Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros na Vila de São Jorge e na Fazenda Volta da Serra em Alto Paraiso. Após a caminhada foi realizada nas corredeiras do rio de ambos locais o momento de bendição pelas benzedeiras presentes.

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Foto: Adriane de Andrade

Desde o primeiro encontro o evento consegue juntar mestres tradicionais, curiosos, profissionais e pesquisadores. Estes momentos proporcionados, possibilitam grande interação com a missão de resgatar a cultura ainda não conhecida ou esquecida dos grandes centros, levando os jovens a valorizar essas práticas, que, sem dúvida, são a alternativa para a saúde dos homens, das mulheres e do planeta. E se tudo correr como o planejado, o próximo encontro será em maio de 2019.

Acampamento Terra Livre 2018

Encontro anual reúne indígenas de todo o Brasil durante 5 dias em Brasília

Jéssica Lozovei
Curitiba, 15 de maio de 2018
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Foto: Carla Pietrovski

Entre os dias 23 e 27 de abril de 2018, aconteceu em Brasília, no Memorial dos Povos Indígenas o 15° Acampamento Terra Livre (ATL), reunindo cerca de 3.500 pessoas e mais de 100 etnias. Sua primeira edição aconteceu em 2004, quando indígenas das etnias Kaingang e Xokleng acamparam por uma semana em Brasília, para exigir a demarcação de suas terras.

Durante a semana do acampamento aconteceram as plenárias das mulheres e da juventude, exibição de filmes e documentários, peças de teatro, atividades culturais e o lançamento candidatos e candidatas indígenas para esse ano eleitoral.

Duas grandes marchas marcaram o evento. A primeira, no dia 25 em que os indígenas se dirigiram à Advocacia Geral da União (AGU), pedindo a revogação do Parecer 001/2017 deste mesmo órgão. Este parecer ratifica o marco temporal de 1988, que determina que somente serão demarcadas terras em que os indígenas estivessem presentes nelas em 1988, ignorando os conflitos que aconteceram durante a ditadura militar, e que indígenas tiveram que se deslocar do seu território por conta das violências sofridas. Houve uma reunião com a ministra Grace Mendonça, que afirmou não ter autonomia para revogar o parecer.

 

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Foto: Carla Pietrovski

A segunda grande marcha aconteceu no dia 26 rumo ao Palácio do Palácio, sendo finalizada no Ministério Público Federal, acontecendo de forma pacífico, apesar do grande contingente da polícia militar e da cavalaria. A principal pauta exigida foi “demarcação já”, mas também era possível encontrar faixas e cartazes sobre a luta das mulheres indígenas, denúncias sobre terras invadidas por madeireiros, áreas tomadas para a construção de usinas hidrelétricas e até mesmo sobre a morte de Marielle Franco.

Durante o ato da quinta-feira houve uma grande intervenção do Greenpeace, com uma grande faixa vermelha escrita CHEGA DE GENOCÍDIO INDÍGENA e DEMARCAÇÃO JÁ, e que durante a caminhada, começou a ser despejada uma tinta vermelha. Ela simbolizou todo o sangue indígena derramado durante suas lutas, e a natureza que vem sendo destruída pelo capitalismo.

 

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Foto: Mobilização Nacional Indígena

Ao final do dia 26 foi recebida a notícia de que o presidente Michel Temer assinou a homologação da terra indígena Baía dos Guató, no Mato Grosso.

E nesse cenário de muita luta em meio a tantos retrocessos se encerrou a 15ª edição do Acampamento Terra Livre, e se quiser, confira o vídeo final produzido pela  Articulação dos Povos Indígenas do Brasil junto com a Mobilização Nacional Indígena: https://www.youtube.com/watch?v=UoDz0U3WHjg

 

 

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Editado por Coletivo Enconttra &